segunda-feira, 2 de novembro de 2009

FINADOS?


Salvador Dali


Hoje fui celebrar a vida. Fui à praia, li, senti cheiro de mar, beijei na boca...
Pra mim, o feriado de finados devia servir pra celebrar a vida.
Minha mãe nunca foi a funerais e eu também não. Não tem nada a ver com crendices, nem medo dos mortos, não. Tem a ver com vida.
Como todo mundo, já perdi pessoas muito queridas, já chorei pela perda e por algumas delas eu sinto um apertinho na garganta todas as vezes em que penso...
Mas acreditamos (eu e minha mãe) que o fato de ir a um lugar onde veremos uma pedra fria simbolicamente no lugar de uma pessoa que fez parte de nossas vidas não ajuda a sarar a dor de tê-la perdido.
Acho que não teria problema nenhum em acompanhar alguém a um cemitério, ou ir a um enterro de alguém desconhecido... O que não quero é guardar na mente a imagem de um corpo vazio, de um simples invólucro que não significa mais nada pra mim!
O que me importava não está mais lá... Quem eu amava não mora mais ali.
Respeito quem pensa diferente mas, pra mim, prefiro a lembrança dos bons momentos que tive com alguém que já se foi.
A palavra finado significa "aquilo que perdeu as forças, acabou". As pessoas que eu amo não vão acabar. Jamais.
De todas as pessoas que perdi, sem dúvida alguma, uma em especial me faz mais falta. Não sei se pela morte precoce, inesperada, ou pela enorme importância que teve em minha vida, importância da qual eu não fazia a mínima ideia até ele partir...
Foi meu amigo de infância, um irmãozão mais velho, que brigou comigo, implicou e, principalmente, me cuidou e ensinou muito!
Ele se foi aos 23 anos de idade (com menos idade do que eu tenho agora) e antes disso eu não tinha percebido o quanto eu o amava, menos ainda da falta que ele me fazia.
Não fui ao seu enterro. Não quis ver aquele corpo frio e inerte. E acho que fiz bem...
Fiz bem porque a lembrança que guardo dele é a do cara que me ensinou muitas coisas, que me fez rir muitas vezes, me fez chorar também (de tanto me irritar! rs) e dentro de mim ele ainda vive (ah, mais uma vez o clichê...) e tanto que até hoje sonho com ele e no meu sonho ele me abraça e me diz que tinha feito uma viagem, mas estava de volta. Quando tenho esse sonho, acordo me sentindo feliz, porque sinto que ele está bem, onde quer que esteja...
Um dia como esse, o chamado "Dia de Finados", devia servir para nos lembrar como damos pouco valor às pessoas que amamos e à vida que vivemos...
Como é bom viver, como é bom poder ter junto a nós aqueles que amamos.
Colocar uma flor num túmulo cheio de ossos não significa nada pra mim. Sonhar o tempo todo com meu grande amigo, sim!
Pensar nele cada vez que ouço uma música da qual ele gostava, ou guardar como uma relíquia cada recordação que tenho dele. Sentir um aperto no peito quando faço coisas que gostaria que ele também fizesse. Tudo isso é fazer dele vivo e eterno.
Um dia é pouco pras pessoas que amo. Perdi essa pessoa tão especial repentinemente e nem pude dizer adeus, mas sei que, de onde ele estiver, sabe o quanto foi e é amado!
Amigo, você é pra sempre! Até um dia.


"A vida é a infância da nossa imortalidade."
(Goethe)

P. S.: Se a frase não for de Goethe, desculpem-me desde já, não tive tempo de checar... rs

 
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